// Prefacio da edição web:
Esse conto pode ser encontrado em whomomlikes.blogspot.com
A versão atual está repleta de erros de português. Por enquanto estou me dedicando à história. :-)
Ahhh. e TUDO escrito é ficção. Não confunda o autor com os personagens. Não sou nem fui nenhum dos dois!
//
// In heaven... //
Eduardo acordou sem ter o que fazer. Estava desempregado, sem perspectivas para a vida.Eduardo tinha 25 anos e alguns meses. Passara sua vida entre selvas e computadores... eventualmente encontrava algumas moitas. Atrás delas ou ele fazia necessidades ou fazia necessidades. Nem só do trono vive o homem. Eduardo sabia disso.
Naquela manhã Eduardo estava especialmente animado. Acordou, ligou sem computador e decidiu se vingar dessa sociedade neo-capitalista-liberal assassina.
Ele havia decidido se vingar mas não sabia como. Escutou um pouco de música, foi ao banheiro, navegou, ouviu música, leu seus emails. Malditas listas de mensagem! caixa postal lotada novamente. Navegou um pouco mais, foi ler as notícias do dia. Nada de novo, aeroporto fechado, trânsito, chuva... chuva? Dirigiu-se a janela, abriu a cortina. Chuva. Nada de bicicletas. Pensou em voz alta...
"Nem fudendo... dá última vez além de uma bela dor de garganta aida sujei minha camiseta toda! Por sinal, já coloquei essa camiseta para lavar?"
Certamente que não. O quarto fedia. A empregada não entrava lá há tempos. Empregada? Luxo burguês! Na verdade Khirstina vivia desligando os fios de Eduardo...
Os fios não eram dele exatamente, eram de seu, ou seus computadores. Ele nunca soube se eram Um ou se eram 3. Ele não sabia mas todos seus amigos sabiam... Eduardo era louco por computadores, ele pensava em fazê-los funcionar como Um, mas nunca conseguira... ou conseguira? Seus amigos sabiam. Ele não. Incapaz de compreender o que fazia, ele apenas fazia. Críticas ele deixava para os amigos pois "dá muito trabalho fazer essas m3rdas funcionarem".
Um... naquele dia o número um tinha grande significado. Era 13 de dezembro de algum ano qualquer. O ano não importa. Nada muda. Nunca. òdio, sangue e chuva atrás da cortina da janela. 12 + 1 fazem 13... 12 + 1 fazem 13. Abriu o frigobar de seu quarto... tempos de glória...
"merda... preciso arrumar um emprego. onde está meu toddynho? Onde está o meu toddynho!"
Fome...
"12 + 1 fazem 13" parava sem pensar... "12 + 1 fazem 13"
Percebeu que estava um dia atrasado pois 12 + 1 fazem 13... e hoje já era dia 13. Era chegado o dia... mas o dia de que?
Vendetta
Falando em voz alta, cada vez mais alta, Eduardo perdia o controle. Gritava:
- 13! 13! 13! FODA-SE o 13! Não há nada além do 1... 0 e 1.
Para Eduardo era claro que ele estava confuso. Mais do que vingança, hoje era dia de escolher. Não sabia que o que tinha que escolher, já estava escolhido. Que o que ele aprendera ele já sabia e que o que queria fazer devia ser feito. Não sabia...
Voltou para o computador e navegou um pouco mais... hesitava em ver o resultado de sua noite de trabalho. O que seu novo brinquedinho havia feito? Nada além do que havia sido programado... mas o quão fundo fora dessa vez?
Eletrônica nunca foi um problema. A solda sim. Porque era preciso soldar? Nunca havia entendido isso... fizera curso de eletrônica e não de mecânica. Aluno brilhante, formou-se reprovado por faltas, bendito diretor mal pago mas de bom coração... o dinheiro da faculdade... que dinheiro? O pouco que sobrou foi devorado por milhões de planos econômicos. Neo-liberalismo-capitalista assassino, quem precisa dele? Bancos. Governos.
Governos...
A Universidade estava trancada. Caindo aos pedaços, professores mal remunerados. Ou quando remunerados fazendo pós doutorado. - "Grandes merdas que vc é phd..." - nunca devia ter dito essa frase. Em um semestre seu CR estava um lixo, em dois semestres começou a perceber que seus calouros estavam o tratando como colegas de classe.
Subtamente seus olhos pareciam se abrir....
// Everything is fine //
13 de dezembro de algum ano... 10:30 da manhã. O cd tocava como de costume, todo dia as 10:30 da manhã, o quatrocentésimo décimo oitavo segundo do 4o movimento da 9a simfonia de Bethoven. Nada mais yuppie.
"Porrrrrrraaaaa!!!!!!!!!! Eu não aguento mais essa merda!!!"
Seu irmão sorria do lado da cama. Fábio tinha 16 anos. Adorava música clássica, não sabia tocar violino nem piano. Sua mãe tentara ensiná-lo oboé. "Oboé?" Quem além de minha mãe sabe o que é um oboé?".. Músicista de renome, arrastara uma importante orquestra nas costas durante anos... não por seu talento com o oboé exatamente. Eles sabiam de toda a história mas evitavam contar.
Eduardo acordara irritado. Diariamente ele tentava saber o que acontecia em seu sonho depois da gritaria. Seu irmão sabia disso e não deixava.
"Fábio, porque você faz isso comigo?"
"Blá blá blá... sempre a mesma lenga lenga... você devia voltar para a terapia"
"E você arrumar uma namorada..."
foram interrompidos por "ela?!?!?"
deixei um bilhete para vc no seu banheiro me liga mais tarde - disse emendando um beijo no rosto de fábio.
Quem é "ela???" se perguntava Eduardo...
- "estava dormindo em minha cama quando acordei... deve ser uma sem teto a quem dei acolhida durante a noite" - disse fábio com a ironia que lhe era peculiar
- que isso binho... você tem que deixar de ser tão individualista! - irritou-se eduardo.
- pô eu emprestei minha cama para ela...
- E o seu irmão???? E o seu irmão??!?! Você esqueceu do seu irmão... tem que socializar as coisas! Já vi que você não leu o livro do Weber que lhe emprestei.
Claro que ele havia lido. Não só lido como usado... como peso para dar um acabamento especial em sua carteira de identidade devidamente falsificada. Mal tinha barba mas "legalmente" já era maior de idade. Ao menos era o que aquele papel verde e plastificado dizia...
// Toupeira - O funcionário do mês //
Márcio era auxiliar de escritório em um órgão do governo mas todos o conheciam como Toupeira. Márcio ganhava um salário de merda e tinha um computador pra lá de velho... mas era muito bem educado. Márcio não sabia usar o editor de textos, muito menos o tal de Powerponto... Pobre márcio. Diariamente márcio pedia ajuda para o helpdesk. Queria trocar sua senha, precisava de um técnico para remover um vírus que infectara sua máquina. No helpdesk todos odiavam márcio. Seu usuário era odiado por todos. Seu número de matrícula todos sabiam de cabeça. Pobre márcio diziam. Márcio era uma toupeira. Márcio Toupeira, auxiliar de escritório. Apesar de burro, Márcio era esforçado. Todas sabiam disso. Vivia levando trabalho para casa, pedia por email para saber as políticas da casa, era um entra e sai de disquetes, livros... a segurança do prédio dizia... lá vai a Toupeira! Mas ninguém sabia para onde ia.
Nunca ninguém seguira márcio até em casa. ninguém sabia onde ele morava. Ninguém exceto os recursos humanos da empresa. Márcio morava na rua E barraco 2, fundos em alguma favela qualquer. Telefone? Só o de recados.
- dudo, consegui o documento que te prometi - disse fábio
- hmmm... ao menos isso. neo-liberal-capitalista-assassino...
- estávamos certos. não há segmentação.
- eu sabia... eu sabia.
ambos sabiam. Há tempos vinham tramando. E hoje, dia 13 ou 12+1 de dezembro eles poderiam brincar novamente.
dois anos haviam se passado. 13 de dezembro, sexta-feira de um ano qualquer a dois anos atrás. Fábio tinha 14 e quando viu seu irmão correr...
- nunca havia visto ele correndo tanto - disse para um repórter qualquer alguns dias depois. Lembrou-se de south park.
Ainda tinha 14 quando viu seu irmão na TV pela primeira vez. Que presente de aniversário... todos seus amigos de escola sabiam quem era o irmão de fábio. Todos. Todos menos seu pai.
Fábio teve sorte. A legislação escondeu seu rosto. Seu nome... Pobre investigador. Seu irmão não teve essa sorte. Mas também não teve nenhum azar. Uma breve bronca de sua mãe, emprego perdido. Mas sua mãe era sensível... uma mera lágrima forçada e ela já estava tocando oboé no escritório novamente.
A vida de Eduardo tornou-se um sonho. Obrigado a entrar na linha por sua mãe e pela memória de seu pai, que não havia visto nada. Entrou... mas não havia um que não lembrasse dele e isso o irritava. Onde está o idealismo desse mundo? morto. O que são ideais se Deus já estava morto há pelo menos um século?
Eduardo e fábio eram inteligentes, haviam estudado em bons colégios. Fruto de muito trabalho de sua mãe... que havia carregado nas costas uma orquestra qualquer. Eles sabiam da história mas preferiam não contar. Eduardo havia se formado, estudara fora do país. Fábio ainda estudava, Ou dizia que estudava, em um renomado colégio burguês da cidade. No fundo fazia telecurso... aproveitava o dia para trabalhar. Trabalhava como auxiliar de escritório. O dinheiro não era curto, ganhava mesada, preservativos, eventualmente até drogas que seu tio lhe mandava da holanda. Mas precisava aprender como é a vida de verdade.
Fábio tinha um emprego de auxiliar de escritório em uma orgão do governo mas todos o conheciam como Toupeira. Fábio ganhava um salário de merda e tinha um computador pra lá de velho... mas era muito bem educado. Fábio não sabia usar o editor de textos, muito menos o tal de Powerponto... Pobre Fábio. Diariamente Fábio pedia ajuda para o helpdesk. Queria trocar sua senha, precisava de um técnico para remover um vírus que infectara sua máquina. No helpdesk todos odiavam Fábio. Seu usuário era odiado por todos. Seu número de matrícula todos sabiam de cabeça. Pobre Fábio diziam. Fábio era uma toupeira. Fábio Toupeira, auxiliar de escritório. Apesar de burro, Fábio era esforçado. Todas sabiam disso. Vivia levando trabalho para casa, pedia por email para saber as políticas da casa, era um entra e sai de disquetes, livros... a segurança do prédio dizia... lá vai a Toupeira! Mas ninguém sabia para onde ia.
Curioso o apelido que Fábio ganhara. Ele e seu irmão se divertiam pois sabiam o que ambos pretendiam.
Era chegado o dia... pois 12+1 fazem 13 e era hora de se vingar do neo-liberalismo-capital-assassino. Pela janela bem iluminada de um quarto burguês qualquer. Os dois riam. Haviam perdido alguns anos lendo uns textos em inglês mal escrito, português semi-alfabetizado ou C... maldita letra. Nunca esqueciam da piada...
"Se não fosse o C estaríamos usando Obol, Pasal, Basi"
Seus amigos não entendiam essa piada. Hoje entendem. Todos hoje querem saber de computadores. Antes não. Ninguém queria. Todos hoje querer ver peitos através de webcams, antes não. Todos hoje querem "tc" com gatinhas barbudas. Antes não. Antes sabíamos de tudo.
Hoje usamos centrais CPA, com conexões via modem... dial-ups. Senhas complicadas. cisco, ciscobox, guest ou em alguns casos nem de senhas precisamos. Hoje não precisam mais da Renpac... eles não precisam mas o legado sim e os links ficam lá esquecidos, sem um pacote seuqer para tarifar. Pobre X.25... foi abandonado. Todos só querem saber do IP. e foi assim que Máricio surgiu. Márcio Toupeira. Grande toupeira.
Durante 6 meses Toupeira causou tantas dores de cabeça na rede local que os admins nem lembram mais dele... só lembram quando querem sacaneá-lo. Mas Toupeira era um cara legal todos sempre faziam questão de ajudar o obtuso esforçado. Durante 6 meses aquela rede nunca viu tantos worms instalados infectarem uma máquina só. Toupeira era realmente muito atrapalhado... sabia que esses códigos estavam ficando cada vez mais inteligentes, que faziam scan em servidores, os infectavam e de lá se proliferavam. Escala geométrica. Fábio e Eduardo haviam aprendido isso na escola. Na verdade Eduardo havia finalmente aprendido esse conceito em um fina faculdade no exterior. Fábio nunca aprendera....
"Matemática? Matemática de cu é rola" - fábio não devia ter dito isso
Mas fez. Como sua mãe tocava oboé e era sensível, fábio por ser o caçula nem precisou chorar uma lágrima falsa. Hoje fábio faz telecurso segundo grau e trabalha como assistente de escritório em um orgão do governo.
// Genesis //
Fábio e eduardo sempre foram como dois irmãos comuns... filhos de uma musicista que carregava uma orquestra nas costas. Seus amigos de escola adoravam sua mãe... no fundo ela também gostava daqueles pirallhos... ela era sensível, mesmo quando pediam para autografar revistas sujas, caindo aos pedaços. Família feliz com meninos brilhantes. Eram adorados pelos professores. Exceto quando falavam mal da matéria que esses professores davam. Alunos exemplares, exceto quando fugiam da escola para revirar lixo.
O pai deles não aceitaria se visse os filhos nadando em caçambas de lixo... muitas vezes os seguranças e catadores de papel também não aceitavam. Dois garotos burgueses bem vestidos nadando no lixo? Para os seguranças ali tinha coisa. Para os catadores eram concorrentes, ou como gostavam de gritar, "Liberais-assassinos-neo-capitalistas!!!!!"
Quando perseguidos, por seus carrascos, corriam, não da forma como eduardo correra em uma sexta feira, dia 13. Dois anos atrás.
Naqueles dias de lixo, muito tempo se passaria antes de daquela sexta feira. Nesses dias de lixo eduardo e fábio estudavam. nunca pararam de estudar. Suas apostilas eram livros velhos, manuais de sistemas curiosos. Listagens em formulário contínuo!
-"Aquele papel com margem picotada, que alimentava automaticamente a impressora!" - indagava edurado para seu irmão que por conta da idade nem mesmo se lembrava...
-Formulário contínuo? claro que lembro dudo... - respondeu pseudo-indignado esperando ter enganado seu irmão mais velho.
Velharias... os dois viviam cercados de velharias. Velharias e música clássica. Eduardo não gostava de música clássica mas fábio sim... Como a mãe, sensível musicista gostava também, o irmão mais velho levava a pior.
Dentre as velharias dos dois irmãos, as com menos de 6 meses de idade eram as favoritas.
Tudo começou quando eduardo em seus dias de fama, leu em um jornal a declaração de um capitalista-neo-assassino-liberal... algo sobre faróis, semáforos... Ninguem ligou para o que o capitalista disse mas para os dois concordaram: era boa a idéia do capitalista.
Os irmãos decidiram tornar aquele delírio do capitalista em realidade. Em um mundo sem ideais quem tem uma utopia é rei. Eles tinham uma, mesmo que não pudessem falar com ninguém.
THa BR0TH3RZ UT0P1a foi o nome que deram para seu maquiavélico projeto. Por mais de um ano trabalharam no projeto mas as coisas não rendiam muito bem... Compraram um novo modem, um que fosse capaz de registrar e ficavam lá olhando para a tela...
ATZ
ATDT2232-0000
RING
RING
RING
RING
NO CARIIER
ATDT2232-2158
RING
RING
RING
NO CARRIER
ATDT2232-6779
RING
RING
RING
NO CARRIER
ATDT2232-1322
BUSY
e por horas e horas sinais de ocupado alternavam-se com telefones calados e até aquilo que mais divertia os atentos irmãos
- A sua mãe não lhe deu bons modos? São 3:40 da madrugada! Isso não é hora de ligar para a casa dos outros.
Mas ninguém falava nada. Não eram os dois jovens que estavam ali. O modem, com assustaores leds vermelhos eventualmente poderia reponder ao seu recém acordado par, mas o equipamento não eram bem compreendido. Ao apitar seu agudo aperto de mãos costumava ser ainda mais agredido. No fundo aquele modem só queria achar um par para conversar. Fábio e Eduardo sabiam disso. Eles também queriam achar um amigo para seu modem.
As madrugadas iam se passando e no meio daqueles dez mil números de telefone começaram a surgir indícios de sucesso.
CONNECT 2400/ARQ
Mais de 50% dos números haviam sido discados. cinco mil números em poucas noites. Apesar disso os resultados não eram muito animadores. Esses era o primeiro modem encontrado. Apesar da velocidade de discagem propiciada pelas centrais telefônicas atuais...
- Bons tempos esses de centrais CPA! Antigamente não era assim não! Um scan como esse demorava semanas - disse eduardo com ar de conhecedor.
- lá vem você com esses seus papos de velho novamente... que na sua época o Blue Beep funcionava, que o BBS tal era legal. Deixa de ser dinossauro...
- blé...
- di-nos-sau-ro - prosseguiu o irmão mais novo... demonstrando a idade que sua certidão de nascimento exibia.
Por trás da tarefa estava demo, o computador dos dois irmãos. d3m0 era na verdade um conjunto de três computadores rodando tarefas em conjunto. demo se chamava cerberus mas o nome, segundo fábio havia se tornando muito comum desde o lançamento de um tal sistema... ele ficou inconsolado... sempre fora fascinado por mitologia greco-romana. Em protesto os dois irmãos deram ao computador de três cabeças o nome demonstração ou apenas demo. "Esse liberalismo-neo-capitalista-assassino tira a graça de tudo!até do que é de graça".
As madrugadas perdidas discando para modens nunca adiantaram muita coisa. Eventualmente um roteador, um micro, uma porta de manutenção de um PABX... mas nada de seus objetivo. Eles haviam feito uma escolha e para isso resolveram esquecer todos o resto, mesmo o modem que dava acesso à rede de uma grande multi-nacional envolvida em escândalos de corrupção.
O plano dos irmão era outro...
6 meses se passaram quando assistindo TV, fábio teve uma idéia...
- Claro! - Os homens toupeira! - os homens toupeira!!!!!
Homens toupeira eram seres fictícios criados por alguma mente doentia, ou quem sabe um "porco capitalista qualquer"... segundo o mito, eles sequestram as pessoas da superfície e colocam um dos seus no lugar dela. Nunca ninguém conseguira lhe explicar os objetivos dos homens toupeira. Fábio decidiu tornar-se um toupeira mas não poderia sequestrar ninguém e na verdade sabia que não precisava. Márcio nasceu.
A princípio Eduardo foi contra... julgava ser muito arriscado, estava errado. O fato é, ninguém nunca checa os dados que você fornece para cadastro. É um fenômeno comportamental das sociedades latinas. Acreditamos antes de duvidar. O caçula sabia disso, já havia feito diversas vezes mas nunca com tamanha ousadia. Decidiu arriscar. Fábio no fundo, sempre ficara a sombra de seu irmão mais velho e era hora de crescer.
// utopia //
Eduardo nunca soube ao certo como fábio fizera para se passar por márcio. Suspeitava que o irmão tivesse passado em algum concurso público com documentos falsos. Não fora difícil providenciar documentos falsos com uma certidão de nascimento antiga. Nela não havia nada de selos holográficos, etiquetas especiais. A certidão era um pedaço de papel que fazia referência a outro pedaço de papel mas ninguém. Absolutamente ninguém checaria aquela referência. Cerca de 4 horas depois de dar entrada em sua carteira de identidade, Márcio tornara-se um cidadão. Aos 16 anos Fábio burlou o mecanismo.
Com sua certidão falsa, identidade, era possível pedir um CPF, título de eleitor, alistar-se no Exército! De posse de todos os documentos Márcio pode então dar o seu primeiro passo em direção ao seu primeiro emprego. Um concurso ou até mesmo uma vaga em uma empreiteira qualquer seriam suficientes e em pouco tempo márcio obteve o que tanto precisava.
Um crachá, um micro-computador e um login na rede. Esse era o material de trabalho de márcio. Fábio sabia que logins são como bactérias. Eles se reproduzem com grande facilidade e sem muito esforço. Após uma semana de trabalho, ele já havia colecionado 250 nomes de usuário e suas senhas. A rede que carregava os frames ethernet de seu andar não era segmentada. Faltou verba para fazer um trabalho completo. Hubs cascateados transformavam aquela arapuca em um ambiente perfeito para pescar senhas. Essa era a única pescaria que fábio sabia fazer direito.
Eduardo ficava em casa. Estudando. Estudava coisas pouco práticas para uma pessoa como ele. Durante um mês vinha praticando código Morse. Sua diversão favorita era tentar enviar a letra de uma música. Nunca passou da primeira frase.
- .... . .-. . / --. --- . ... / - .... . / -. . .. --. .... -... --- .-. .... --- --- -..
Porque ele praticava isso somente ele e seu irmão sabiam. Ambos tinham um plano de vingança. Vingança contra o neo-liberalismo-assassino. Sua mãe, cuja história os filhos sabiam mas evitavam contar não se importava. No fundo Morse é como música e como uma sensível boa mãe, não poderia reclamar dos beeps. Já da música que Eduardo tentava codificar ela reclamava... e como reclamava!
// segmentação //
12+1 é igual a 13. 13 de dezembro era um dia de vingança. Mas que vingança? vingança . [De vingar + -ança.] S. f. 1. Ato ou efeito de vingar(-se); desforço, desforra; vindita. 2. Punição, castigo: É um crime que clama aos céus e pede a Deus vingança.
Eduardo sentia pela sociedade uma grande frustação. Filho de classe média, nunca compreendeu a passividade de seus pais. Nunca entendeu a passividade de seu país. Diariamente via pelos jornais fraudes e mais fraudes ocorrendo. Corrupção, miséria, fome. Os dois irmãos apesar de pequenos burgueses se incomodavam com o mundo. Eduardo queria se vingar do mundo que lhe dera as costas. Nunca fora entendido assim como nunca havia entendido o mundo. Decidiu fazer aquilo que melhor sabia e para ter sucesso contou com a ajuda daquele que sempre o ajudara, seu irmão mais novo.
Já fábio via na vingança uma chance de sair da sombra do irmão e quem sabe superar aquele querido e falido pangaré.
O plano dos irmãos era simples... fazer piscar em sincronia todos os sinais de trânsito de uma certa avenida... Fazer piscá-los em Morse para que o significado de sua mensagem pudesse ser lido por aqueles que sabem ler Morse sejam lá quantos esse forem. Por sinal... Eduardo e Fábio viviam se perguntando se o plano daria certo.
Quem diabos saberia decodificar código Morse?
Em poucas horas descobririam se seu plano daria certo. Um crachá, um micro-computador e um login na rede. Isso era tudo o que márcio tinha para trabalhar e com o que fábio e eduardo adoravam brincar. Os irmãos sabiam que em uma rede sem segmentação, com uma selva de cabos em cascata, pouco haveria que pudesse evitar o sucesso de sua missão.
12 + 1 são 13.
13/12 era dia de vingança.
EOF
Esse conto pode ser encontrado em whomomlikes.blogspot.com
A versão atual está repleta de erros de português. Por enquanto estou me dedicando à história. :-)
Ahhh. e TUDO escrito é ficção. Não confunda o autor com os personagens. Não sou nem fui nenhum dos dois!
//
// In heaven... //
Eduardo acordou sem ter o que fazer. Estava desempregado, sem perspectivas para a vida.Eduardo tinha 25 anos e alguns meses. Passara sua vida entre selvas e computadores... eventualmente encontrava algumas moitas. Atrás delas ou ele fazia necessidades ou fazia necessidades. Nem só do trono vive o homem. Eduardo sabia disso.
Naquela manhã Eduardo estava especialmente animado. Acordou, ligou sem computador e decidiu se vingar dessa sociedade neo-capitalista-liberal assassina.
Ele havia decidido se vingar mas não sabia como. Escutou um pouco de música, foi ao banheiro, navegou, ouviu música, leu seus emails. Malditas listas de mensagem! caixa postal lotada novamente. Navegou um pouco mais, foi ler as notícias do dia. Nada de novo, aeroporto fechado, trânsito, chuva... chuva? Dirigiu-se a janela, abriu a cortina. Chuva. Nada de bicicletas. Pensou em voz alta...
"Nem fudendo... dá última vez além de uma bela dor de garganta aida sujei minha camiseta toda! Por sinal, já coloquei essa camiseta para lavar?"
Certamente que não. O quarto fedia. A empregada não entrava lá há tempos. Empregada? Luxo burguês! Na verdade Khirstina vivia desligando os fios de Eduardo...
Os fios não eram dele exatamente, eram de seu, ou seus computadores. Ele nunca soube se eram Um ou se eram 3. Ele não sabia mas todos seus amigos sabiam... Eduardo era louco por computadores, ele pensava em fazê-los funcionar como Um, mas nunca conseguira... ou conseguira? Seus amigos sabiam. Ele não. Incapaz de compreender o que fazia, ele apenas fazia. Críticas ele deixava para os amigos pois "dá muito trabalho fazer essas m3rdas funcionarem".
Um... naquele dia o número um tinha grande significado. Era 13 de dezembro de algum ano qualquer. O ano não importa. Nada muda. Nunca. òdio, sangue e chuva atrás da cortina da janela. 12 + 1 fazem 13... 12 + 1 fazem 13. Abriu o frigobar de seu quarto... tempos de glória...
"merda... preciso arrumar um emprego. onde está meu toddynho? Onde está o meu toddynho!"
Fome...
"12 + 1 fazem 13" parava sem pensar... "12 + 1 fazem 13"
Percebeu que estava um dia atrasado pois 12 + 1 fazem 13... e hoje já era dia 13. Era chegado o dia... mas o dia de que?
Vendetta
Falando em voz alta, cada vez mais alta, Eduardo perdia o controle. Gritava:
- 13! 13! 13! FODA-SE o 13! Não há nada além do 1... 0 e 1.
Para Eduardo era claro que ele estava confuso. Mais do que vingança, hoje era dia de escolher. Não sabia que o que tinha que escolher, já estava escolhido. Que o que ele aprendera ele já sabia e que o que queria fazer devia ser feito. Não sabia...
Voltou para o computador e navegou um pouco mais... hesitava em ver o resultado de sua noite de trabalho. O que seu novo brinquedinho havia feito? Nada além do que havia sido programado... mas o quão fundo fora dessa vez?
Eletrônica nunca foi um problema. A solda sim. Porque era preciso soldar? Nunca havia entendido isso... fizera curso de eletrônica e não de mecânica. Aluno brilhante, formou-se reprovado por faltas, bendito diretor mal pago mas de bom coração... o dinheiro da faculdade... que dinheiro? O pouco que sobrou foi devorado por milhões de planos econômicos. Neo-liberalismo-capitalista assassino, quem precisa dele? Bancos. Governos.
Governos...
A Universidade estava trancada. Caindo aos pedaços, professores mal remunerados. Ou quando remunerados fazendo pós doutorado. - "Grandes merdas que vc é phd..." - nunca devia ter dito essa frase. Em um semestre seu CR estava um lixo, em dois semestres começou a perceber que seus calouros estavam o tratando como colegas de classe.
Subtamente seus olhos pareciam se abrir....
// Everything is fine //
13 de dezembro de algum ano... 10:30 da manhã. O cd tocava como de costume, todo dia as 10:30 da manhã, o quatrocentésimo décimo oitavo segundo do 4o movimento da 9a simfonia de Bethoven. Nada mais yuppie.
"Porrrrrrraaaaa!!!!!!!!!! Eu não aguento mais essa merda!!!"
Seu irmão sorria do lado da cama. Fábio tinha 16 anos. Adorava música clássica, não sabia tocar violino nem piano. Sua mãe tentara ensiná-lo oboé. "Oboé?" Quem além de minha mãe sabe o que é um oboé?".. Músicista de renome, arrastara uma importante orquestra nas costas durante anos... não por seu talento com o oboé exatamente. Eles sabiam de toda a história mas evitavam contar.
Eduardo acordara irritado. Diariamente ele tentava saber o que acontecia em seu sonho depois da gritaria. Seu irmão sabia disso e não deixava.
"Fábio, porque você faz isso comigo?"
"Blá blá blá... sempre a mesma lenga lenga... você devia voltar para a terapia"
"E você arrumar uma namorada..."
foram interrompidos por "ela?!?!?"
deixei um bilhete para vc no seu banheiro me liga mais tarde - disse emendando um beijo no rosto de fábio.
Quem é "ela???" se perguntava Eduardo...
- "estava dormindo em minha cama quando acordei... deve ser uma sem teto a quem dei acolhida durante a noite" - disse fábio com a ironia que lhe era peculiar
- que isso binho... você tem que deixar de ser tão individualista! - irritou-se eduardo.
- pô eu emprestei minha cama para ela...
- E o seu irmão???? E o seu irmão??!?! Você esqueceu do seu irmão... tem que socializar as coisas! Já vi que você não leu o livro do Weber que lhe emprestei.
Claro que ele havia lido. Não só lido como usado... como peso para dar um acabamento especial em sua carteira de identidade devidamente falsificada. Mal tinha barba mas "legalmente" já era maior de idade. Ao menos era o que aquele papel verde e plastificado dizia...
// Toupeira - O funcionário do mês //
Márcio era auxiliar de escritório em um órgão do governo mas todos o conheciam como Toupeira. Márcio ganhava um salário de merda e tinha um computador pra lá de velho... mas era muito bem educado. Márcio não sabia usar o editor de textos, muito menos o tal de Powerponto... Pobre márcio. Diariamente márcio pedia ajuda para o helpdesk. Queria trocar sua senha, precisava de um técnico para remover um vírus que infectara sua máquina. No helpdesk todos odiavam márcio. Seu usuário era odiado por todos. Seu número de matrícula todos sabiam de cabeça. Pobre márcio diziam. Márcio era uma toupeira. Márcio Toupeira, auxiliar de escritório. Apesar de burro, Márcio era esforçado. Todas sabiam disso. Vivia levando trabalho para casa, pedia por email para saber as políticas da casa, era um entra e sai de disquetes, livros... a segurança do prédio dizia... lá vai a Toupeira! Mas ninguém sabia para onde ia.
Nunca ninguém seguira márcio até em casa. ninguém sabia onde ele morava. Ninguém exceto os recursos humanos da empresa. Márcio morava na rua E barraco 2, fundos em alguma favela qualquer. Telefone? Só o de recados.
- dudo, consegui o documento que te prometi - disse fábio
- hmmm... ao menos isso. neo-liberal-capitalista-assassino...
- estávamos certos. não há segmentação.
- eu sabia... eu sabia.
ambos sabiam. Há tempos vinham tramando. E hoje, dia 13 ou 12+1 de dezembro eles poderiam brincar novamente.
dois anos haviam se passado. 13 de dezembro, sexta-feira de um ano qualquer a dois anos atrás. Fábio tinha 14 e quando viu seu irmão correr...
- nunca havia visto ele correndo tanto - disse para um repórter qualquer alguns dias depois. Lembrou-se de south park.
Ainda tinha 14 quando viu seu irmão na TV pela primeira vez. Que presente de aniversário... todos seus amigos de escola sabiam quem era o irmão de fábio. Todos. Todos menos seu pai.
Fábio teve sorte. A legislação escondeu seu rosto. Seu nome... Pobre investigador. Seu irmão não teve essa sorte. Mas também não teve nenhum azar. Uma breve bronca de sua mãe, emprego perdido. Mas sua mãe era sensível... uma mera lágrima forçada e ela já estava tocando oboé no escritório novamente.
A vida de Eduardo tornou-se um sonho. Obrigado a entrar na linha por sua mãe e pela memória de seu pai, que não havia visto nada. Entrou... mas não havia um que não lembrasse dele e isso o irritava. Onde está o idealismo desse mundo? morto. O que são ideais se Deus já estava morto há pelo menos um século?
Eduardo e fábio eram inteligentes, haviam estudado em bons colégios. Fruto de muito trabalho de sua mãe... que havia carregado nas costas uma orquestra qualquer. Eles sabiam da história mas preferiam não contar. Eduardo havia se formado, estudara fora do país. Fábio ainda estudava, Ou dizia que estudava, em um renomado colégio burguês da cidade. No fundo fazia telecurso... aproveitava o dia para trabalhar. Trabalhava como auxiliar de escritório. O dinheiro não era curto, ganhava mesada, preservativos, eventualmente até drogas que seu tio lhe mandava da holanda. Mas precisava aprender como é a vida de verdade.
Fábio tinha um emprego de auxiliar de escritório em uma orgão do governo mas todos o conheciam como Toupeira. Fábio ganhava um salário de merda e tinha um computador pra lá de velho... mas era muito bem educado. Fábio não sabia usar o editor de textos, muito menos o tal de Powerponto... Pobre Fábio. Diariamente Fábio pedia ajuda para o helpdesk. Queria trocar sua senha, precisava de um técnico para remover um vírus que infectara sua máquina. No helpdesk todos odiavam Fábio. Seu usuário era odiado por todos. Seu número de matrícula todos sabiam de cabeça. Pobre Fábio diziam. Fábio era uma toupeira. Fábio Toupeira, auxiliar de escritório. Apesar de burro, Fábio era esforçado. Todas sabiam disso. Vivia levando trabalho para casa, pedia por email para saber as políticas da casa, era um entra e sai de disquetes, livros... a segurança do prédio dizia... lá vai a Toupeira! Mas ninguém sabia para onde ia.
Curioso o apelido que Fábio ganhara. Ele e seu irmão se divertiam pois sabiam o que ambos pretendiam.
Era chegado o dia... pois 12+1 fazem 13 e era hora de se vingar do neo-liberalismo-capital-assassino. Pela janela bem iluminada de um quarto burguês qualquer. Os dois riam. Haviam perdido alguns anos lendo uns textos em inglês mal escrito, português semi-alfabetizado ou C... maldita letra. Nunca esqueciam da piada...
"Se não fosse o C estaríamos usando Obol, Pasal, Basi"
Seus amigos não entendiam essa piada. Hoje entendem. Todos hoje querem saber de computadores. Antes não. Ninguém queria. Todos hoje querer ver peitos através de webcams, antes não. Todos hoje querem "tc" com gatinhas barbudas. Antes não. Antes sabíamos de tudo.
Hoje usamos centrais CPA, com conexões via modem... dial-ups. Senhas complicadas. cisco, ciscobox, guest ou em alguns casos nem de senhas precisamos. Hoje não precisam mais da Renpac... eles não precisam mas o legado sim e os links ficam lá esquecidos, sem um pacote seuqer para tarifar. Pobre X.25... foi abandonado. Todos só querem saber do IP. e foi assim que Máricio surgiu. Márcio Toupeira. Grande toupeira.
Durante 6 meses Toupeira causou tantas dores de cabeça na rede local que os admins nem lembram mais dele... só lembram quando querem sacaneá-lo. Mas Toupeira era um cara legal todos sempre faziam questão de ajudar o obtuso esforçado. Durante 6 meses aquela rede nunca viu tantos worms instalados infectarem uma máquina só. Toupeira era realmente muito atrapalhado... sabia que esses códigos estavam ficando cada vez mais inteligentes, que faziam scan em servidores, os infectavam e de lá se proliferavam. Escala geométrica. Fábio e Eduardo haviam aprendido isso na escola. Na verdade Eduardo havia finalmente aprendido esse conceito em um fina faculdade no exterior. Fábio nunca aprendera....
"Matemática? Matemática de cu é rola" - fábio não devia ter dito isso
Mas fez. Como sua mãe tocava oboé e era sensível, fábio por ser o caçula nem precisou chorar uma lágrima falsa. Hoje fábio faz telecurso segundo grau e trabalha como assistente de escritório em um orgão do governo.
// Genesis //
Fábio e eduardo sempre foram como dois irmãos comuns... filhos de uma musicista que carregava uma orquestra nas costas. Seus amigos de escola adoravam sua mãe... no fundo ela também gostava daqueles pirallhos... ela era sensível, mesmo quando pediam para autografar revistas sujas, caindo aos pedaços. Família feliz com meninos brilhantes. Eram adorados pelos professores. Exceto quando falavam mal da matéria que esses professores davam. Alunos exemplares, exceto quando fugiam da escola para revirar lixo.
O pai deles não aceitaria se visse os filhos nadando em caçambas de lixo... muitas vezes os seguranças e catadores de papel também não aceitavam. Dois garotos burgueses bem vestidos nadando no lixo? Para os seguranças ali tinha coisa. Para os catadores eram concorrentes, ou como gostavam de gritar, "Liberais-assassinos-neo-capitalistas!!!!!"
Quando perseguidos, por seus carrascos, corriam, não da forma como eduardo correra em uma sexta feira, dia 13. Dois anos atrás.
Naqueles dias de lixo, muito tempo se passaria antes de daquela sexta feira. Nesses dias de lixo eduardo e fábio estudavam. nunca pararam de estudar. Suas apostilas eram livros velhos, manuais de sistemas curiosos. Listagens em formulário contínuo!
-"Aquele papel com margem picotada, que alimentava automaticamente a impressora!" - indagava edurado para seu irmão que por conta da idade nem mesmo se lembrava...
-Formulário contínuo? claro que lembro dudo... - respondeu pseudo-indignado esperando ter enganado seu irmão mais velho.
Velharias... os dois viviam cercados de velharias. Velharias e música clássica. Eduardo não gostava de música clássica mas fábio sim... Como a mãe, sensível musicista gostava também, o irmão mais velho levava a pior.
Dentre as velharias dos dois irmãos, as com menos de 6 meses de idade eram as favoritas.
Tudo começou quando eduardo em seus dias de fama, leu em um jornal a declaração de um capitalista-neo-assassino-liberal... algo sobre faróis, semáforos... Ninguem ligou para o que o capitalista disse mas para os dois concordaram: era boa a idéia do capitalista.
Os irmãos decidiram tornar aquele delírio do capitalista em realidade. Em um mundo sem ideais quem tem uma utopia é rei. Eles tinham uma, mesmo que não pudessem falar com ninguém.
THa BR0TH3RZ UT0P1a foi o nome que deram para seu maquiavélico projeto. Por mais de um ano trabalharam no projeto mas as coisas não rendiam muito bem... Compraram um novo modem, um que fosse capaz de registrar e ficavam lá olhando para a tela...
ATZ
ATDT2232-0000
RING
RING
RING
RING
NO CARIIER
ATDT2232-2158
RING
RING
RING
NO CARRIER
ATDT2232-6779
RING
RING
RING
NO CARRIER
ATDT2232-1322
BUSY
e por horas e horas sinais de ocupado alternavam-se com telefones calados e até aquilo que mais divertia os atentos irmãos
- A sua mãe não lhe deu bons modos? São 3:40 da madrugada! Isso não é hora de ligar para a casa dos outros.
Mas ninguém falava nada. Não eram os dois jovens que estavam ali. O modem, com assustaores leds vermelhos eventualmente poderia reponder ao seu recém acordado par, mas o equipamento não eram bem compreendido. Ao apitar seu agudo aperto de mãos costumava ser ainda mais agredido. No fundo aquele modem só queria achar um par para conversar. Fábio e Eduardo sabiam disso. Eles também queriam achar um amigo para seu modem.
As madrugadas iam se passando e no meio daqueles dez mil números de telefone começaram a surgir indícios de sucesso.
CONNECT 2400/ARQ
Mais de 50% dos números haviam sido discados. cinco mil números em poucas noites. Apesar disso os resultados não eram muito animadores. Esses era o primeiro modem encontrado. Apesar da velocidade de discagem propiciada pelas centrais telefônicas atuais...
- Bons tempos esses de centrais CPA! Antigamente não era assim não! Um scan como esse demorava semanas - disse eduardo com ar de conhecedor.
- lá vem você com esses seus papos de velho novamente... que na sua época o Blue Beep funcionava, que o BBS tal era legal. Deixa de ser dinossauro...
- blé...
- di-nos-sau-ro - prosseguiu o irmão mais novo... demonstrando a idade que sua certidão de nascimento exibia.
Por trás da tarefa estava demo, o computador dos dois irmãos. d3m0 era na verdade um conjunto de três computadores rodando tarefas em conjunto. demo se chamava cerberus mas o nome, segundo fábio havia se tornando muito comum desde o lançamento de um tal sistema... ele ficou inconsolado... sempre fora fascinado por mitologia greco-romana. Em protesto os dois irmãos deram ao computador de três cabeças o nome demonstração ou apenas demo. "Esse liberalismo-neo-capitalista-assassino tira a graça de tudo!até do que é de graça".
As madrugadas perdidas discando para modens nunca adiantaram muita coisa. Eventualmente um roteador, um micro, uma porta de manutenção de um PABX... mas nada de seus objetivo. Eles haviam feito uma escolha e para isso resolveram esquecer todos o resto, mesmo o modem que dava acesso à rede de uma grande multi-nacional envolvida em escândalos de corrupção.
O plano dos irmão era outro...
6 meses se passaram quando assistindo TV, fábio teve uma idéia...
- Claro! - Os homens toupeira! - os homens toupeira!!!!!
Homens toupeira eram seres fictícios criados por alguma mente doentia, ou quem sabe um "porco capitalista qualquer"... segundo o mito, eles sequestram as pessoas da superfície e colocam um dos seus no lugar dela. Nunca ninguém conseguira lhe explicar os objetivos dos homens toupeira. Fábio decidiu tornar-se um toupeira mas não poderia sequestrar ninguém e na verdade sabia que não precisava. Márcio nasceu.
A princípio Eduardo foi contra... julgava ser muito arriscado, estava errado. O fato é, ninguém nunca checa os dados que você fornece para cadastro. É um fenômeno comportamental das sociedades latinas. Acreditamos antes de duvidar. O caçula sabia disso, já havia feito diversas vezes mas nunca com tamanha ousadia. Decidiu arriscar. Fábio no fundo, sempre ficara a sombra de seu irmão mais velho e era hora de crescer.
// utopia //
Eduardo nunca soube ao certo como fábio fizera para se passar por márcio. Suspeitava que o irmão tivesse passado em algum concurso público com documentos falsos. Não fora difícil providenciar documentos falsos com uma certidão de nascimento antiga. Nela não havia nada de selos holográficos, etiquetas especiais. A certidão era um pedaço de papel que fazia referência a outro pedaço de papel mas ninguém. Absolutamente ninguém checaria aquela referência. Cerca de 4 horas depois de dar entrada em sua carteira de identidade, Márcio tornara-se um cidadão. Aos 16 anos Fábio burlou o mecanismo.
Com sua certidão falsa, identidade, era possível pedir um CPF, título de eleitor, alistar-se no Exército! De posse de todos os documentos Márcio pode então dar o seu primeiro passo em direção ao seu primeiro emprego. Um concurso ou até mesmo uma vaga em uma empreiteira qualquer seriam suficientes e em pouco tempo márcio obteve o que tanto precisava.
Um crachá, um micro-computador e um login na rede. Esse era o material de trabalho de márcio. Fábio sabia que logins são como bactérias. Eles se reproduzem com grande facilidade e sem muito esforço. Após uma semana de trabalho, ele já havia colecionado 250 nomes de usuário e suas senhas. A rede que carregava os frames ethernet de seu andar não era segmentada. Faltou verba para fazer um trabalho completo. Hubs cascateados transformavam aquela arapuca em um ambiente perfeito para pescar senhas. Essa era a única pescaria que fábio sabia fazer direito.
Eduardo ficava em casa. Estudando. Estudava coisas pouco práticas para uma pessoa como ele. Durante um mês vinha praticando código Morse. Sua diversão favorita era tentar enviar a letra de uma música. Nunca passou da primeira frase.
- .... . .-. . / --. --- . ... / - .... . / -. . .. --. .... -... --- .-. .... --- --- -..
Porque ele praticava isso somente ele e seu irmão sabiam. Ambos tinham um plano de vingança. Vingança contra o neo-liberalismo-assassino. Sua mãe, cuja história os filhos sabiam mas evitavam contar não se importava. No fundo Morse é como música e como uma sensível boa mãe, não poderia reclamar dos beeps. Já da música que Eduardo tentava codificar ela reclamava... e como reclamava!
// segmentação //
12+1 é igual a 13. 13 de dezembro era um dia de vingança. Mas que vingança? vingança . [De vingar + -ança.] S. f. 1. Ato ou efeito de vingar(-se); desforço, desforra; vindita. 2. Punição, castigo: É um crime que clama aos céus e pede a Deus vingança.
Eduardo sentia pela sociedade uma grande frustação. Filho de classe média, nunca compreendeu a passividade de seus pais. Nunca entendeu a passividade de seu país. Diariamente via pelos jornais fraudes e mais fraudes ocorrendo. Corrupção, miséria, fome. Os dois irmãos apesar de pequenos burgueses se incomodavam com o mundo. Eduardo queria se vingar do mundo que lhe dera as costas. Nunca fora entendido assim como nunca havia entendido o mundo. Decidiu fazer aquilo que melhor sabia e para ter sucesso contou com a ajuda daquele que sempre o ajudara, seu irmão mais novo.
Já fábio via na vingança uma chance de sair da sombra do irmão e quem sabe superar aquele querido e falido pangaré.
O plano dos irmãos era simples... fazer piscar em sincronia todos os sinais de trânsito de uma certa avenida... Fazer piscá-los em Morse para que o significado de sua mensagem pudesse ser lido por aqueles que sabem ler Morse sejam lá quantos esse forem. Por sinal... Eduardo e Fábio viviam se perguntando se o plano daria certo.
Quem diabos saberia decodificar código Morse?
Em poucas horas descobririam se seu plano daria certo. Um crachá, um micro-computador e um login na rede. Isso era tudo o que márcio tinha para trabalhar e com o que fábio e eduardo adoravam brincar. Os irmãos sabiam que em uma rede sem segmentação, com uma selva de cabos em cascata, pouco haveria que pudesse evitar o sucesso de sua missão.
12 + 1 são 13.
13/12 era dia de vingança.
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